11/09/2008 - Canto triste
Por que esses olhos cabisbaixos? Por onde se esconde sua esperança? Por favor, não desista. Quem sabe se respirar fundo e mergulhar mundo afora, possa se reencontrar com aquela criança que eu via caminhando em seus olhares. Da última vez que eu a vi, ela engatinhava, escorregava e cantava baixinho pelos labirintos do seu eu. Ah! Não chora não! Para cada lágrima que cai desses seus olhos férteis nasce um pé de tristeza. E olha que a flor do entristecer não combina com você. Ela é pálida, fria, dolorida e, quiçá, carnívora. Ela devora sonhos.
Cadê aquele sonhadeiro que envolvia você? É preciso ter fé. É preciso acreditar. É preciso se entregar, célula por célula, sentimento por sentimento. Esqueça as barreiras, as montanhas, os vales. Há alguém que precisa urgentemente de um sorriso seu esperando lá fora. É hora de abrir as portas, as janelas, os corações que pulsam dentro de você. Joga fora todo medo. Dispa-se de toda desconfiança. Esqueça as temeridades. Coloca luz em tudo isso. Não deixa nada nem ninguém borrar sua aura. Por favor, brilha! E brilha forte a ponto de dissipar esse perfume de notas tristes que cercou você.
Vamos tirar esse silêncio do rosto? Onde estão suas palavras, sua poesia escrita e falada, aquela literatura viva que nascia de você. Por onde sangram teus versos? É necessário ter força e coragem para vencer. Não é hora de esmorecer. Não é hora de desanimar. O horizonte está logo ali. Vamos?! Ouça o pássaro do destino bradando uma modinha antiga na galha daquela ameixeira. Que tal abrir suas asas e voar com ele por esse céu azul? Afinal, o estribilho da canção diz que não quer mais ver você tão triste assim.
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