Daniel Campos

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12/01/2010 - Cachorro de bolso

Quando Eduarda chegou ao seu quarto, tarde da noite depois de uma festa de aniversário, encontrou um cachorro minúsculo no chão do quarto. De pronto, pegou o bichinho e colocou no bolso do vestido. Adorava vestidos de bolso para guardar ali todo tipo de tranqueira. Só estranhou que o bicho se remexia muito. Devia ser pilha nova. Além do mais, tinha outros brinquedos que se remexiam tanto quanto aquele. Levou a novidade para a pracinha, para a escola, para a igreja. E contava para todos que o tal brinquedo mexia como se fosse de verdade.

Foi então que lhe contaram que aquilo era um cachorro de verdade. Foi desamor à primeira reação. Como poderiam ter dado a ela um cachorro de brinquedo que parecia de verdade? Ou melhor, um cachorro de verdade que parecia de brinquedo? Tirou o bicho do bolso antes que sujasse seu vestido e o olhou com tal raiva a ponto de quase empalhar o bichinho. E, se não bastasse maldizer o cão, fechou a cara para todos os que a rodeavam sob a alegação de que foi feita de palhaça.

Passaram-se os dias e ela foi observando o cachorro com cara de quem iria aprontar alguma coisa. Às escondidas, falava com ele. Perguntava se ele era mesmo de verdade. Balançava a cabeça, andava de um lado para o outro, resmungava. Não sabia o que fazer com aquele bicho. Já tinha um cachorro. Maior que este último, mas também um cachorro. Se ao menos o pudesse colocar no bolso e sair com ele pelas ruas. Mas como iria pular amarelinha, brincar de casinha, fazer chá de bonecas tendo no bolso um cachorro de verdade.

Aos três anos de idade tinha um problema de gente grande para resolver.


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