27/10/2014 - Caboclo daqui
Eu sou o caboclo daqui. Essas matas têm a cor dos meus olhos. Esses ventos dizem o que eu quero dizer. Cavalgo nas estrelas. Tudo o que me mandam de ruim o riacho carrega pro mar. Piso em terras astrais. As penas que me enfeitam são de espíritos que cantam e têm asas. Meu sangue é guerreiro. Meu coração derrama seiva. Meu corpo é fechado como o cerne das árvores milenares. Trago uma sementeira nas palavras. E meu grito quebra pedreira, rasga céu, sacode mato. O relâmpago me clareia. Minha alma é de fazer revoada. Minhas terras não se cercam. Minhas flechas me guiam. Minha razão é forte e minha paixão verga a morte.
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