14/11/2008 - Brasas e cinzas
Nada está no lugar. Tudo ficou para trás. À frente, a estrada é escura e fria. Será que eu vou ter de ir sozinho? Apocalipse. Juízo Final. Pedras na cruz. Onde está o fim de tudo isso? Quantos passageiros já passaram? Quantas estrelas cadentes já caíram? Quantos ventos já ventaram por essa estrada, doída e cega? Quem vai acreditar, nesse andarilho sem tempo nem lugar. Andarilho que anda pelos trilhos no estribilho de um verso maltrapilho de si mesmo.
Ah! Quanto tempo faz que eu amei demais e continuo amando, adorando e me entregando a esse amor terrestre. Você é o muro e eu sou o cipreste, que vai crescendo, envolvendo, sufocando, aprisionando, abraçando o mundo entre nós dois. Ah! E o mundo sem você é uma falta de lugar, é um des-porquê, é um desesperar. Minhas pegadas bóiam na falta de fé, porque não há mais de seu chão para meus pés. Meu olhar é noite eterna, procurando-te em meio à escuridão que me deixou.
E para onde que eu vou, se eu só encontro sofrimento e dor? As portas se fecharam, as paredes trincaram e as janelas quebraram esperando você. E o que era vida, virou ferida. E o que era nós, virou nó. E o que era canto, virou pranto e só. Ah! Minha doce amada, minha eterna namorada, para onde corre o nosso tempo, o nosso tempo, o nosso tempo. Vai chegar dezembro, vai virar o ano e eu ainda lembro tantos planos. Será um engano pairando no ar ou só o fato de que é sobre-humano amar?
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