27/12/2009 - Bordeaux já!
Meu amor pegue o primeiro avião porque quero lhe encontrar em Bordeaux. Quero lhe amar provincianamente, em uma França bem menos badalada. Quero lhe pegar pela mão e correr meninamente pela planície de Aquitânia, país das águas. Quem sabe a gente vai além dos rios Garrone e Dordgone e chegamos às estações de esqui dos Pirineus. Vamos nos perder pelas parreiras. Vamos visitar os châteaux e provar várias safras.
Vamos nos esbaldar nesse clima temperado, passear pelo Bosque de Landes. Vamos namorar sobre os terroirs, que foram plantados há dois mil anos pelos romanos, quando conquistaram os celtas. Vamos trabalhar uma batalha amorosa e relembrar que ali foi Palco da Guerra dos Cem Anos. Vamos caminhar por sobre um mar de garrafas vazias que alimentaram começos e finais de outras paixões.
Vamos passear pelas ruas, ruelas, pracinhas, largos, palacetes, catedrais e monumentos de pedra. Vamos nos conhecer um pouco mais a pé. Vamos nos perder num jogo de reflexos e brumas. O efeito das marés, as luzes da noite, o vinho tingindo a lua, levando-a, ao menos plasticamente, a uma espécie de menstruação. E quando a lua estiver fértil, de sonhos e desejos, eu lhe direi que nosso amor é como Bordeaux, uma borda d’água afogando o mundo de dois corpos.
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