Daniel Campos

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11/11/2008 - Borboleta amarela

Quando uma borboleta amarela pousar no teu ombro é sinal de que o dia já vem. Mas não o dia dos relógios, dos calendários, dos cotidianos. Falo de um dia especial, que não sabe se é sol ou lua. Quem sabe os dois dividindo o mesmo céu ou a mesma terra ou o mesmo mar. Ah! Enquanto voa, essa borboleta de asas amareladas vai mexendo com as marés, com as sementes, com os cabelos que são de pólen, que são de néctar. Asas de ouro, asas de trigo, asas de mel.

Magicamente, o pó de suas asas cega nossos olhos para tudo o que não for poesia. E aquele balé no céu vai deixando cada vez mais clara a poética da vida. E eu aprendi na escola que amarelo com azul dá verde. E verde é a esperança que se espalha pelas chuvas de novembro. Pena que muitas não vivem mais do que um dia. Pena que muitas são seduzidas pelas redes dos caçadores. Pena que muitas sintam o alfinete afixando seu corpo a um quadro morto.

Mais do que um milagre da natureza ou um elemento de contemplação, uma borboleta amarela é um sinal. Sua brevidade é tempo suficiente para avisar sobre algo, promover uma mudança, desviar um destino. Será que existe um Deus dentro de uma borboleta amarela? Será que ela mora naquele pé de ipê amarelo? Será que foi desenho de alguma criança que se despregou do papel? Será que é feita de carne ou de algum sonho que voou longe demais?


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