Daniel Campos

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26/03/2011 - Bodas de Madeira

Cinco anos dividindo as mesmas bocas, achando os conceitos de infinito e eternidade coisas tão poucas diante do tempo que queremos para nós. Cinco anos dividindo os mesmos lençóis, os mesmos pratos, os mesmos sóis, os mesmos fatos. Cinco anos dividindo o mesmo espaço, procurando e se encontrando num passo sem freio, se perdendo e se achando no traço alheio. Cinco anos se misturando, se multiplicando, se revirando, se descobrindo e se amando mais e mais. Cinco anos de fartura e de loucura sentimental. Cinco anos emergindo e submergindo em amor e em amores carnais, espirituais, viscerais, transcendentais, zodiacais. Cinco anos unindo suspiros e ais. Cinco anos casais imersos no primeiro gosto do amor.

Cinco anos de um canibalismo romântico. Cinco anos tântricos, de ritos e passagens. Cinco anos de semeaduras e perjuras. Cinco anos de uma narrativa heróica, enfrentando monstros e vilões. Cinco anos afinando num mesmo tom as batidas de dois corações. Cinco anos de planícies e cumes, de confiança e ciúmes. Cinco anos domando saudades, adoçando realidades. Cinco anos de desejos e vontades tecidos numa teia de cumplicidade. Cinco anos se decifrando e se devorando, tatuando as linhas do destino na pele da criatura amada como que nos juntando em uma só estrada. Cinco anos intensos e maduros de sensualidade. Cinco anos se desafiando e se provocando, vivendo e se querendo entre a santa ceia e a lua cheia.

Cinco anos tendo filhos, escrevendo livros, plantando árvores. Cinco anos se transformando de papel em algodão em couro em flores em madeira. Cinco anos ateando fogo e se queimando numa mesma fogueira de paixão, poesia e luxúria. Cinco anos formosos como uma cerejeira, cabalísticos como uma gameleira, saborosos como uma mangueira. Cinco anos de ipês em constante floração, cinco anos tão brancos quão negros como uma jabuticabeira, cinco anos dormindo nas painas das paineiras. Cinco anos de perdão, de imaginação, de fruta-pão, de quaresmas e quaresmeiras. Cinco anos cultivando sentimentos de vários matizes e entrelaçando nossas raízes.

Observação do autor: Cinco anos de inspiração. Agradeço a Marilene - a musa do poeta que me habita - por cada verso, por cada linha...


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