Daniel Campos

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08/05/2015 - Bendita a cigarra

Nas águas da mãe-chuva, capim cresceu, vaca chegou, comeu, adormeceu. O galo cantou como se fosse o dono do espetáculo o novo dia num tom mais que enfático. A formiga sem saber que dia era trabalhou, cortou, retalhou, carregou a folharada pela sua estrada. Dona margarida se abriu pras bandas do brejo branqueando um rio que não era o tejo mas tinha sotaque português. E o sabiá virou freguês da amoreira depois de uma semana inteira no pé de ingá. Veio vento de cá, de lá e acolá botando as folhas para dançar. E o sapo se inchou todo e coaxou querendo no lodo namorar. Cumprido o seu papel, com fanfarra e algazarra, depois da chuvarada, a cigarra amarra sua casca seca à árvore e vai pro céu. Bendita seja a cigarra e a sua farra.


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