Daniel Campos

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12/01/2009 - Apostando em pétalas

Tudo outra vez neste jogo de azar. As cartas estão na mesa, estão na manga, estão nos castelos de paus e ouros. E a dama de copas saiu e ainda não voltou. É ela quem lê e vê e coloca em prática a minha sorte. E eu a defendo com as espadas do meu carteado e dou xeque-mate em qualquer rei ou peão que usar cruzar o nosso caminho. Pelas paralelas ou diagonais, eu invoco os deuses do jogo, eu trapaceio, eu blefo, eu ganho e perco por amor.

Eu bato figurinhas e viro o nosso destino. Eu pulo amarelinha e chego ao seu paraíso. Eu faço apostas no banco imobiliário do nosso futuro. Eu escrevo seu nome no muro e saio pelas ruas brincando de me esconder e de lhe achar. Eu me enforco em busca de uma palavra que lhe traduza. Eu caço seu nome em sopas de letrinhas, eu ligo pontos que formam seu rosto, eu procuro sete erros em você e desisto.

Eu sou cabra-cega lhe perseguindo pelas ruas, guiando-me por seu perfume, por seu calor, pelos ecos de eu te amo. Eu sigo as casas do seu labirinto, voltando e avançando, mas lutando, e lutando sempre, para chegar a você. Eu rodo feito peão, zunindo meu amor ao seu ouvido, e caio aos seus pés. E eu corro num pega-pega conjugal. E no final me ponho a ver o luar e ao despetalá-lo, deparando-me ludicamente entre pétalas de amor e de amor demais.


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