Daniel Campos

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01/12/2011 - Anti-sonho

Quando eu vim não sabia o que eu ia achar. Não sabia o que continuaria ou não em mim. Tudo era segredo. Tudo era às escondidas. Nem mesmo a minha lua interior se mostrava por inteira. Eu era estrangeiro na minha terra. Eu era prisioneiro do mundo que sonhei. E o sonho não veio da forma que imaginei. Tudo ficou pelo avesso. Tudo ficou pela metade. E não há mais dúvida de que deus escreve errado por linhas tortas com uma letra porca.

O sabor das coisas amargou. A cor do amanhã desbotou. O destino mudou. Até a esperança tem outro corpo, outro cheiro. Nada mais é como era antes. O céu, o chão, tudo se modificou. Até o meu papel na vida ganhou outra conotação. Houve inversão de valores, de pesos e de sentimentos. Hoje caminho na contramão da minha fantasia, sendo quem eu nunca quis ser. Fugi, fugi, fugi até não ter mais saída.

Fui encurralado, açoitado, castigado. Cheguei ao cúmulo de ser esquecido pelo meu próprio passado. O desespero mora ao lado. O que eu mais queria era um copo de ilusão, um trago de alucinação. A realidade me fere em todos os sentidos. Minha voz não é a minha voz, meus olhos não são meus olhos, meu desejo não é meu desejo. Eu não sou mais quem almejo.


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