Daniel Campos

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15/08/2013 - Anemofobia

Os ventos de agosto uivam no mais profundo de nossos ouvidos como lobos na lua cheia. São ventos que provocam arrepios e calafrios generalizados. Ventos impregnados de dor, que fazem doer tudo o que tocam. São ventos que falam a língua dos demônios. Ventos que carregam com eles a poeira dos cemitérios, uma mistura de lápide suja, de flor murcha, de célula morta... São ventos que bolem dentro da gente como vermes famintos. Ventos que atiçam a tristeza, o desânimo, o sofrimento por onde passam.

Ventos agourentos, aliás, ventos do mau-agouro esses ventos de agosto. Ventos secos de vida e de contentamento. Ventos que devastam negativamente tudo o que encontram pela frente. Parecem sopros do senhor das trevas esses ventos que chicoteiam com hálito de morte. São ventos que batem portas e janelas, que destelham casas, que ultrapassam o tecido de roupas e cobertas, que, de uma forma ou de outra, dão um jeito de chegar até você. Ventos desesperados, condenados, amaldiçoados.

Ventos que choram e fazem chorar, ventos que provocam desavenças e doenças, ventos da traição, da solidão, da separação perfumados de maledicência. Ventos que trazem os gemidos e os lamentos das criaturas que agonizam em planos inferiores. Ventos dos horrores, que levam para longe nossa fé, nossa esperança, nossos sonhos deixando-nos nu de tudo o que de bom guardamos. Ventos da tragédia, do drama, do desastre, da catástrofe, do caos, da calamidade. É agosto, tempo dos ventos do desgosto.

Observação do autor: Anemofobia: Medo patológico de vento.


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