29/03/2010 - Amor querubim
Amo e de tanto amar me faço assim: um apaixonado sem fim. Quantos momentos brincando em mim, palpitando no confim de um coração querubim. Eu, anjo do amor voando pelo seu céu lilás. Tanto tempo faz do nosso primeiro beijo e o desejo continua demais como a canção fugaz: amar é bom. Amar é o som do querer mais cantando na chuva, debaixo do chuveiro, na noite turva, pela estrada, por entre as flores do canteiro e ao pé do ouvido da criatura amada.
Amo-te mais e mais, mas nunca o bastante. Amo-te como infante e com toda a enfática necessária. Amo-te de forma lunática, por entre cometas e luares. Amo-te aqui, lá, ali, acolá, em todos os lugares. Amo-te até mesmo no vácuo. E nesse amor não me empaco, pois mesmo revivendo nossas poesias, amo-te sempre à frente. Amo-te com o mesmo sentimento, mas de um modo sempre diferente. Amo-te num amor navegante: descobridor e avante.
Amo sem me importar com o avançar da hora. Amo mesmo quando a vida chora em mim sua tristeza sem fim. Amo com mais confiança, porém ao lado do medo de que um dia ao lhe procurar saberei que foi embora. Amo-te de forma inflacionada e com juros de mora. Amo-te de um jeito que até o amor desconhece, num trejeito que até a dor ignora. Amo-te num amor que cresce continuamente em mim numa agitação ascendente e carente de seu esplendor querubim.
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