Daniel Campos

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07/02/2015 - Amor pra vida inteira

Quando da Portela, ela esnobava o malandro que roubava seus olhares do alto de sua janela. Quando da Imperatriz, ela confessava que por mais que amasse e se entregasse não era feliz. Quando da Grande Rio, ela desfilou com todo respeito ao estandarte, mas num sorriso vazio como se sua cabeça estivesse em Marte. Quando da Mocidade, ela foi destaque, verdadeira obra-de-arte no abre-alas, vestida de saudade. Quando da Vila Isabel, ela ganhou o nobel da imaginação, pensando que Noel pra ela entregava o seu samba-coração. Quando da Estácio de Sá, ela beijava para lá e para cá querendo se reencontrar. Quando da Império Serrano, ela saiu na comissão de frente querendo fazer diferente mas foi tudo engano. Quando da Beija-Flor, ela teve tanto glamour quanta solidão que olhava pro malandro dizendo bonjour como se nem pisasse no chão. Quando da Viradouro, ela dizia que amava deus e o mundo mas lá no fundo ela escondia o ouro. Quando do Salgueiro, acreditou que o sentimento que doava era lhe entregue de modo inteiro. Quando da União da Ilha, ela foi a muitas milhas do que poderia ir e no meio da avenida chegou a cair. Quando da Caprichosos de Pilares, ela batia os bares e os altares com a mesma intenção. Quando da Mangueira, novamente, ela chorou copiosamente, pedindo perdão ao malandro pelos meandros de um verso que admitia a traição e assumia a agremiação pela vida inteira.


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