17/06/2010 - Amor junino
Amor junino que se preze pula fogueira, ferve como quentão e estoura dentro da gente feito pipoca. Tem um toque caipira de inocência. No amor junino a quadrilha é de dançarinos; o casamento, de mentira e o pé de moleque, de amendoim. Sob os olhos e bênçãos de Santo Antônio, o coração é aberto com muito jeito à moda de pinhão. No amor junino, o milho assado ganha bastante manteiga e o vinho, açúcar e quentura. A mulher tem olhos de balões coloridos, tranças de Rapunzel sertaneja e sonhos de arraial.
Amor junino tem paixões tão doces como o doce de batata-doce, caudalosos suspiros de chocolate-quente e juras afinadas, regidas pelo maestro São Pedro. O amor junino de verdade se espalha por meio do correio elegante. Esse tipo de amor tem simpatias, sortes e advinhas. Amor que é amor junino é cantado no ritmo da roleta da quermesse. No amor junino quem reina é o mané pelado, afinal é época de muitos bolos e rolos. Para enfrentar o friozinho, é tempo de viver agarradinho como paçoquinha.
No amor junino, a maçã mergulha numa calda de açúcar e vira símbolo de romantismo. Amor que chega de mansinho e esquenta aos poucos como a mistura de gengibre, canela e cachaça. Como é belo ver o corpo da mulher amada envolto de flores de São João. No amor junino, os beijos de canjica nascem entre barraquinhas e bandeirinhas de jornal. Não adianta fugir, embora o amor junino dê voltas como a reza do terço no final sempre explode como fogos de artifício.
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