Daniel Campos

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11/04/2016 - Além do talvez

Era para ser só mais uma vez. Porém, o talvez cansa mais do que a falta de sim. E então, fomos não. Cada um do seu jeito, terminando antes ou depois da hora, mas terminando o que foi começado para não acabar. É como enterrar uma parte de si mesmo. Amputar o próprio coração. E quantos são os partos da saudade durante um mesmo dia que parece durar uma eternidade? Impossível de contar. Difícil de mensurar, de dimensionar ou de redimensionar a dor que existe em tudo isso. Uma dor crônica e interminável. Os doentes de amor não são pacientes terminais, pois a dor do amor não finda. O despetalar da flor da vida entre mal e bem me quer jamais chega ao fim. É ilusão pensar que hoje o amor está completo. Nós somos, por natureza, seres incompletos. Nascidos para buscar o que deixamos para trás em outras passagens. E nessas buscas vamos nos perdendo. Nos perdendo tentando nos achar.
Era para ser só mais uma vez. E foram tantas as nossas últimas vezes. Nem sempre a peça termina na última cena. Muitas vezes termina antes ou esse término fica suspenso no ar. Será que acabou mesmo? O sim e o não, muitas vezes, são mais incertos que o talvez.


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