Daniel Campos

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17/09/2008 - Acreditar no amor

Acreditar no amor é uma provação diária. Acreditar no amor é saber que o mundo, fora dos livros, não é nada poético. Acreditar no amor é viver a constante incompreensão de atos e palavras, sejam eles feitos ou desfeitos, sejam elas benditas ou malditas. Acreditar no amor é se entregar a uma espécie de religião, com ritos e profecias, da forma mais fiel possível. Acreditar o amor é ultrapassar a barreira da impossibilidade. Acreditar no amor é transformar o seu corpo em um alvo e estar pronto para receber flechas vindas de todas as direções. Acreditar no amor é se equilibrar entre o medo e o desejo da forma mais hábil que puder.

Acreditar no amor é virar-se do avesso para fazer de seu dia, um verso perfeito. Acreditar no amor é fazer do inverno, primavera. Acreditar no amor é se ajoelhar diante de uma vela e se transformar em chama. Acreditar no amor é colocar sempre mais uma página recheada de lirismo em seu romance. Acreditar no amor é detalhar a vida em suas nuances e redimensionar o que diz o relógio. Acreditar no amor é trovejar diante de um céu ensolarado e virar estrelas de ponta cabeça para fazer valer seu sonho. Acreditar no amor é burlar a realidade em prol do mistério da fantasia. Acreditar no amor é ter sempre uma carta romântica na manga e operar milagres.

Acreditar no amor é um prazer devastador. Acreditar no amor é caminhar montanhas, vales, desertos. Acreditar no amor é se esvair da própria vida em razão de uma outra. Acreditar no amor é confiar diante de um mundo de desconfiança. Acreditar no amor é reafirmar a certeza de que o amor existe. Acreditar no amor é fiar um sentimento independentemente dos fios do destino. Acreditar no amor é ser soldado solitário de uma espécie de guerra. Acreditar no amor é acreditar em asas, em sacrifício, em eternidade. Acreditar no amor é chorar a pequenez da vida. Acreditar no amor é negar a morte e continuar em frente entre crenças e crendices.


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