Daniel Campos

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06/05/2010 - Abotoa-me enquanto lhe desabotôo

Ela chegou com um sorriso embotado nos lábios e um colar de botões abotoando seu colo. Aqueles botões de vários tamanhos tingidos de cores barrocas mexiam com meus botões. Uma coleção de botões delicados e rústicos, cantantes e tristes, fechados e abertos, presa a um fio de linha quase transparente aos meus olhos nus. Nus como a mulher desabotoada de botões.

Se eu fosse menino, jogaria futebol de botão pelo campo dos seios daquela mulher. Se eu fosse dançarino de tango, pegaria aquela mulher nos dentes como se pegasse um único botão, botão de rosa. Se eu fosse costureira, faria uma boneca, a imagem e semelhança dela, com olhos de botão. Se eu fosse deus, saberia quais botões mexer para acender, escurecer, ligar essa criatura?

Mas sou apenas um apaixonado. Um apaixonado por seus botões. Botões vermelhos, lilases, verdes, rosas, amarelos, azuis. Botões de sementes. Ah! Onde será que eu planto seus botões? Será que eles conversam, flertam e, até mesmo, se casam pelas casas de seu corpo acetinado. E nessas abotoações, desejo beijos abotoados em segredos e mistérios mulheris.

Ah! Mulher em botão, por favor, abotoa-me enquanto lhe desabotôo.


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