Daniel Campos

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06/01/2015 - Abandono do abandonado

Asa de mosquito. Casca de barata. Antena de borboleta. Couraça de besouro. Fóssil de pernilongo. Tudo pelo chão acusando a falta de cuidado, a falta de habitação, as garras da solidão. Cama desarrumada. Poeira pelos cantos. Teias de aranha. Livros empilhados. Janelas fechadas. Portas emperradas. Panelas vazias. Rascunhos jogados. Vida embolorada. Ciscos trazidos por um vento invisível. Silencio e pó. Heróis e mocinhas esquecidos nas páginas amareladas dos romances que caíram da estante. Sonhos rasgados. Esperanças desbotadas. Velas queimadas, palitos de fósforo quebrados. Provas de abandono por quem abandonado foi.


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