Daniel Campos

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30/09/2010 - A vida é a vida e...

A vida é a vida e nada mais. Aos que sonham, a possibilidade de viver um pouco fora da realidade. Aos que tudo aceitam, a certeza de um sofrimento menor. Ou seja, todo sonho tem um preço, toda resignação tem um bônus. Sonhar é encantador, no entanto, a dor que surge ao acordar é algo insuportável, explicação para inúmeros suicídios e crises de depressão. Ninguém pode viver absolutamente de sonhos. O sonho é chama que se apaga, é luz que fraqueja, é estrada que cessa.

Viver sonhando é viver negando a própria existência. É sempre querer mais, é nunca se dar por contente, é ir pra trás quando se quer ir pra frente. O sonho é deveras bonito, mas o ser que sonha é definitivamente ausente. Ausente de concretude, ausente de solidez, ausente de plenitude. Quem sonha sempre tem medo de acordar. Por isso, por detrás do sonho, a vida é a vida e nada mais. Já para os céticos, que levam dia após dia sem criar expectativas, viver é uma conta sem graça, porém satisfatória.

Para os que vivem de forma mecânica, as quedas são menores e os sorrisos, também. No entanto, não há grandes sustos ou temores. A morte é certa, a dificuldade é perene e o trabalho, uma certeza. Viver por viver. Esse é o espírito dos cautelosos, dos racionais, dos burocratas. Viver por viver. Esse é o lema daqueles que preferem o certo ao duvidoso. Sonhadores e céticos. Os primeiros apostam todas suas fichas. Os segundos não jogam. Os primeiros podem ganhar algumas partidas. Os segundos tentam se conformar com o resultado.

Afinal, a vida é a vida e nada mais.


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