Daniel Campos

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27/05/2016 - A nossa hortênsia floriu

A nossa hortênsia floriu. Floriu num azul que conheço bem. Para comemorar, fiz aquele doce de morango que tanto gosta. Depois de cantar para eu dormir e acordar, Chico Buarque já me disse que “Essa Pequena” já deixou de ser uma letra, para ser você. Mesmo sabendo que você não pode mais, ainda compro Sprite toda vez que vou ao mercado. E tudo é tão marcante que ainda vejo suas tatuagens tatuadas no lençol. Ainda vejo seu vulto brincado pelas paredes em noite de lua, e nas sem lua também. Ainda me pego comprando o que acho parecido com você para guardar para um dia, quem sabe, talvez... Uma espécie de enxoval. Vejo os seus desenhos, troquei de mal com o cinema, escrevo, leio e releio as nossas histórias. Tudo meio que se tornou uma memória em círculos, pois quanto mais caminho mais me encontro com você. Minha mala está sempre pronta para nossa viagem à praia a ponto de chegar a ver seu sorriso no mar. E já são tantas plantas que nossa casinha no campo praticamente se tornou realidade. Pego-me fazendo suas cruzadinhas, mas não consigo descobrir o real significado de tudo isso senão o amor. E saio escrevendo amor por todo canto. Pensei em criar uma gata e chamá-la de saudade, mas certamente ela iria embora de mim. Vou fundo no fundo do fundo, mas quando ouço sua voz eu volto ao mundo, mesmo sua voz já sendo só um eco, só um não. A nossa hortênsia floriu pela segunda vez e você não viu.


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