Daniel Campos

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04/05/2010 - A mulher chopiniana

Em homenagem à Chopin, um certo deus pianista criou a mulher chopiniana. Sem dúvida, uma das mais imaginativas incursões pelo mundo do compositor, tanto no plano estilístico quanto emocional. Uma mui digna criação. Diante dela, nossos ouvidos são imediatamente capturados. Cada nota vinda de seu corpo vale um disco inteiro. É belíssimo acompanhar o balançado dessa mulher na Polonesa em lá bemol maior.

Virtuosística e irresistível, a mulher chopiniana é puramente sonora. Ela consegue reescrever Chopin em atos e desacatos seus construindo em si novas obras de arte. Olhos e bocas, braços e pernas, seios e coxas, cabelos e pés, fronte e nádegas vão se desenhando em linhas melódicas e harmônicas. Ela não nega, tampouco afirma Chopin. Apenas faz dele sua identidade. E é válido lembrar que o compositor polaco viveu a era romântica das artes.

Por onde passa, influencia a música, o som, a vibração das coisas e dos seres. Refinada e forte, arrouba os corações mais silenciosos. Durante a balada da mulher chopiniana, a técnica se rende a dança. Seu senso rítmico único, marcado por contrapontos, enfeitiça os amantes da boa música. Quantos não desejam tê-la em seus braços ao menos por um minuto da Valsa Minuto e, até mesmo, serem embalados por ela na Marcha Fúnebre, ambas compostas pelo polaco que se apaixonou por Paris?

Por tudo isso, a mulher chopiniana nasce, cresce e vive entre a vigorisidade polonesa e a delicadeza francesa.


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