15/06/2010 - A impaciência como combustível
Se o preço de ser premiado na loteria é amargar uma eternidade em uma fila admito que jamais ganharei uma bolada dessas. Tenho horror a filas. E mais horror ainda em pedir que alguém enfrente, em meu nome, tamanha fila por conta de um jogo. Chego a deixar de comer em restaurantes e lanchonetes pratos que insuflam meus desejos por conta de filas. Nasci mergulhado em impaciência. E conforme os anos passam eu conto com ainda menos paciência. Corpo e alma me alertam em sinal de advertência, mas eu insisto.
Acredito que é essa ansiedade, essa agitação interior, essa impaciência toda que me movem poeticamente. É um mundo de sentimentos e pensamentos borbulhando dentro em mim. É uma vontade louca, incessante e desmedida, de escrever mais e mais. É como se eu a todo instante precisasse beijar a boca, o corpo e as entranhas da inspiração. Essa impaciência me provoca e estoura em mim corações em feitio de pipoca. Talvez eu morra antes da hora, mas não sei viver sem buscar limites o tempo todo.
Meus sonhos e pensamentos vão cada vez mais longe. O corpo físico já não consegue acompanhar o ritmo com que desejo viver. Quero ler todos os livros da prateleira, ouvir vários discos ao mesmo tempo, escrever cartas, emails e torpedos. Quero amar e amar mais e, quiçá, demais amar. Vivo hoje, unindo as sobras do ontem com os primeiros esboços do amanhã. Vivo com o pé no acelerador, pisando fundo. Não sei onde vou parar. A única certeza deste espírito impaciente que vos fala é de eu não vai parar.
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