12/10/2011 - A gente
E se a gente de repente, absolutamente, mudasse a direção, o sentido e o ritmo dessa jornada que anda tão ausente da gente. Sobra passado e falta presente em nossa frente dissidente de batalha. Antigamente nossa trajetória era adjacente, agora escapa pela tangente. O que era abrangente ficou restrito e o que era bonito se tornou delinqüente. A flor, a fruta, a folha, a raiz... Nada está perdido, tudo está contido numa semente. Uma semente de afeto permanente, uma semente afluente louca para germinar como uma sobrevivente do melhor e do pior da gente.
De repente, o céu da gente ficou limpo como se toda estrela cadente resolvesse cair. A gente sempre foi tão coexistente, tão combatente, tão competente que a lua florescente parecia ser única e exclusivamente da gente. Para continuar em frente é preciso urgentemente mudar o rumo do consciente, o prumo do inconsciente. A gente tão carente da gente. Certamente, o tempo é diferente, mas a gente continua água corrente o suficiente para mover moinhos de água ardente, que embriaga a vontade mais inconseqüente da gente na gente.
Apaixonadamente a gente tem que multiplicar o coeficiente da gente pela gente. A gente, confidente. A gente, comovente. A gente, coerente. A gente pra gente completamente convergente. A gente, mais uma vez, inventando um novo expediente. A gente se entendendo felinamente. A gente num sentimento intermitente. A gente nascente ou poente, valendo-se de todo e qualquer precedente. A gente regente da gente. A gente paciente com a gente. Simplesmente, a gente. Novamente a gente pertencente a um amor intransigente.
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