Velas e Veleiros
Ode ao ciúme
Ciúme
Eis o que a mulher amada deve provocar na criatura amada
E que esse ciúme seja algo quente, tenso e vivo
Tão vivo a ponto de chacoalhar o amor e colocá-lo em xeque
E em contraponto
A ponto de cometer atos impensados inusitados vidrados
Enciumados.
Ciúme
Para quebrar a rotina do amor mecânico cotidiano humano
Ciúme
Para fazer da vida uma eterna e constante conquista
Ciúme
Para fazer da mulher amada um reino de reis depostos.
É o terreno sem cercas
É o ciúme da mulher amada
É o rio sem barragens
É o ciúme da mulher amada
É o arame sem farpas
É o ciúme da mulher amada.
A mulher amada deve não só provocar, mas ser o próprio ciúme
Um ciúme elementar
E que esse anti-sentimento infeste a criatura que ama
Como um perfume um veneno um vírus
E se preciso for, que a criatura amada caia de cama
Doente de querer abarcar
Uma criatura que insiste em voar
Céu adentro.
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