Moinhos de Ilusão
Poema da mulher reclusa
A mulher reclusa
Foge dos atos do sol
Esconde-se em fumaças
E não ouve mais os grilos
Que se abraçam com pernas
De violino.
A mulher reclusa
Não ouve o estralar do canário
Nem a chuva caindo nas telhas
Ouve só um mesmo som
O som de um desespero
Em dó maior.
A mulher reclusa
Não anda descalça pela terra
Úmida
E ao olhar pela janela
Não vê muito além de alguns palmos
À frente
Do grão do chão da ilusão.
A mulher reclusa
Tem os punhos soltos
E a alma prisioneira
Os passos curtos
E os vôos caídos
Como anjo sem céu.
Para a mulher reclusa
A rosa não é mais rosa
O horizonte não é mais azul
A lua não é mais branca
Tudo tem o tom pastel
Dos papéis
Que a guardam em letras desbotadas.
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