Daniel Campos

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Ovulação

Em cada mulher
Que corre
De salto ou descalça
Pelo mundo afora
Em caminhos
Obtusos
Há um óvulo
De mulher amada
Pronto para ser fecundado.

São tantos os que de beija-flores
Aos anjos renegados
Voam e tropeçam e rastejam
Na tentativa de vingar
Essa mulher ainda não nascida.

E são tantos flertes
Tantos ramalhetes de olhares
De flores e de palavras
E são tantos golpes
De uma violência maldita
Na tentativa de dar à luz
A essa mulher que é amada
Antes mesmo de existir
Ao mundo.

Mas dentre a poética e o estupro
Há tantos óvulos caídos
Murchos, secos e podres
Óvulos vazios
Óvulos frívolos e frios
E até óvulos de mentira
Que despudorados
Iludem amantes e loucos de amor
Numa gestação fétida.

Gestação
Que só faz gerar
Esperas e esperas
Em falso
Pela mulher
Que nasceu
Como messias
De um amor
Ainda não vivido.


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