Daniel Campos

Imprimir Enviar para amigo
Extinta

Acreditavam
E já falavam pelas ruas
Que a mulher amada
Em seu mais completo sentido
Estava extinta
Que havida desaparecido
Na última tempestade
No último eclipse
Na última trombeta
De um amor apocalíptico
Diziam que dela só restaram
As ruínas dos sonhos
Tombados
As memórias de uma beleza
Incorruptível
E o cheiro de teu sexo
Que ventava
Pelos campos da primavera
Das tulipas
Irlandesas
Do atlântico norte.

Os que a haviam amado
Como castigo dos deuses
Foram petrificados
E condenados a enfeitarem
Os infernos
Negros e frios
Do além-morte.
Mas, do ventre de um piano
Ela, a mulher amada, voltou
Dançou, rodopiou, bailou
E aterrorizou o mundo
Com sua beleza infinda
Quem a viu se cegou
Quem a ouviu se ensurdeceu
Quem a quis morreu
De uma peste qualquer
Solidão, saudade, inveja...

Quem a dava por extinta
Mordeu a língua
E sangrou o fel do desejo.


Comentários

Nenhum comentário.


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar