Daniel Campos

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Deixar, verbo obrigatório

Devagar
Deixa cair os véus
Deixa cair as cores
Deixa cair o que esconde
Deixa, simplesmente, deixa.
Por um instante
A solidão invadirá o seu corpo
E quando isso acontecer
Não se afobe
Não grite
Não fuja.
E quando achar que tudo está perdido
Num gesto sem qualquer ensaio
Abrace-se com o sonho
Aquele que esconde
Que finge não existir.
Sem mais cerimônias
Estará nos emaranhados desse sonho
Este mesmo que escondia
Num canto qualquer do seu corpo.
Estará nua e sozinha com ele
E então se fará infinita
E então se fará intensa
E então se fará você.
Deixa, simplesmente, deixa
Deixa cair os véus que cobrem seus olhos
Deixa, bem devagar
Bem devagar.


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