Daniel Campos

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A menina

Viro
Rodo
Giro
Danço
E não me alcanço
A rua acaba ali
Mas daqui
A lua é um balanço
Tão distante
Quão o amante
Que me segue tão logo avance
As páginas de um romance
Que o tempo não terminou.

Sou feita do pólen de uma flor carnívora
Sou feita dos caídos do céu
Sou feita dos venenos da víbora
Sou feita do sabor de um mel que hiberna
Sou feita das voltas e voltas de um carrossel
Que volteia ao redor da minha perna
Sou feita de labirintos
Por onde caminham distintos
Duendes, elfos, piratas, dragões
Gnomos, pigmeus, druidas, ladrões
Magos, bruxos, cavaleiros e anões
Tenho mais de mil portões abertos
Tenho mais de mil muros de esfinges
Tenho mais de mil truques secretos
Tenho mais de mil e uma noites
Ainda virgens
Só não tenho saída.

Minhas bonecas
Dançam ao som dos realejos
E depois caem em sonecas
Ardentes de tantos desejos
Meus lábios são longos
De tão longos beijos
De adeus
Meus sentimentos
São larápios da esperança
Nascem num choro forte
E crescem ao vento
Na contradança da morte
Meus olhos são intensos
E meus olhares tão tensos
Propensos
A se cegar.

Eu adormeço
No que há em mim
Eu não conheço
O que há em mim
Sou a tatuagem
De tantos começos
De tantos recomeços
Sou uma colagem
De tantos destinos
Que fugiram de mim
Que fugiram delirantes
E tão delirantes de mim
Que fugiram errantes
E tão errantes de mim
Fugiram antes
Do meu fim.


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