Daniel Campos

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23/11/2009 - Vejo flores em você

Vejo flores em você. Vou desfiando pétalas em sua pele, cheirando seus polens, apanhando de seus espinhos. Vejo flores em você. São de várias cores e formatos, num desenho de jardim botânico, babilônico. Vejo flores em você. Em dias pares, vem com flores selvagens. Já nos ímpares suas flores são domesticadas. Vejo flores em você. Flores de jardineira e flores carnívoras prontas a devorar. Vejo flores em você. Flores que se esparramam pelo chão, que ficam suspensas no ar e trepam em muros, pilastras, corpos.

Vejo flores em você. Em suas palavras, a fragilidade e a brevidade das flores. Vejo flores em você. Flores em buquê, flores do campo, flores sempre vivas. Vejo flores em você. Flores da lua, de saturno, de plutão, flores terrenas e espaciais. Vejo flores em você. Flores zodiacais, espirituais, medicinais. Vejo flores em você. Flores de adoração, de louvação e de benzedura. Vejo flores em você. Flores, sobretudo, comestíveis.

Vejo flores em você. Flores te vestindo e despindo. Vejo flores em você. Flores te enfeitando e lhe velando. Vejo flores em você. Flores te beijando, deitando com suas fantasias. Vejo flores em você. Flores te felicitando, roubando sorrisos e se casando em seu altar. Vejo flores em você. Flores se compondo e se desmanchando em você. Vejo flores em você. Flores de uma primavera tardia, de um cupido florista, de um amor aquarelista.


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