Daniel Campos

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17/07/2012 - Trilhos

Sinto uma vontade imensa de partir a cada vez que lanço olhares sobre trilhos. Meus olhos, diante daqueles braços de aço estendidos ao infinito, chegam a faiscar. O coração apita qual Maria Fumaça. É uma sensação que foge do compreensível. Em vidas passadas devo ter sido maquinista ou um desses viajantes clandestinos que pulam de vagão em vagão. O fato é que com os pés entre aqueles dormentes eu me sinto o próprio trem. Um trem formado por um imenso comboio de sentimentos. Vagões e mais vagões repletos de almas. Almas de poetas, de violeiros, de pássaros, de bailarinas, de pescadores, de anjas, de estrelas, de magos e de outras criaturas mágicas.

Os trilhos são como mensageiros, percorrendo as entranhas do espaço e os interiores do tempo. Os trilhos são como braços abertos a abraços de chegadas e partidas, de encontros e despedidas. São como tentáculos tentando abraçar céu, terra e mar. São como raízes prendendo nossas luas e nossos sóis ao solo. Os trilhos são como linhas da imaginação que dançam entre mato, pedras e nuvens. Os trilhos são como códigos de DNA que vão se alongando em memórias e identidades. Os trilhos são como destinos de aço serpenteando entre o que somos e o que queríamos ser. Os trilhos são portais que nos ligam a mundos paralelos, elos profundos entre o fantástico e o singelo.


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