Daniel Campos

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20/01/2010 - Todo dia

Todo dia. Todo dia. O relógio desperta. Há uma agenda a cumprir. Os jornais trazem más notícias. A chaleira apita. A faca corta o pão. O corpo se banha. Lá fora alguém passa apressado. O cachorro quer comida. Todo dia. Todo dia. O jardim quer água. No mesmo barco há um perdão e uma mágoa. Soldados e mocinhos brincam com balas de festim. E alguém se olha no espelho e diz: será que Deus tem pena de mim?

Todo dia. Todo santo dia. O sol insiste em ser quente. O pássaro canta em troca de alpiste. O tanque bate, o ferro passa e a mulher veste a roupa. Todo dia. Todo dia. O palhaço quer circo. O pobre sonha em ser rico. A mariposa ronda o abajur. A francesa faz beicinho para dizer bonjour. O dinheiro se vai. A conta vem. O mundo gira sem parar e diz: tudo continua no mesmo lugar.

Todo dia. Todo dia. Há um escândalo lá fora. Os ponteiros nos levam adiante. A vida se transforma para permanecer igual. As bocas querem beijos. Os trens querem trilho. O bêbado bebe mais uma. Todo dia. Todo dia. O azarado procura pelas quatro folhas de um trevo. A sombrinha dança frevo. Os problemas rondam as cabeças. E a rotina diz: não me esqueça.


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