Daniel Campos

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16/04/2016 - Rio coração

O pescador desce o rio como se andasse dentro de sua própria casa. Sabe de cada curva, profundidade, correnteza. Porém, tem a consciência de que não é o dono daquele lugar. E esse respeito é o que garante sua vida. Enquanto ele não afrontar as regras do rio, regras íntimas, navegará em segurança por aquelas águas.

Ah, se fossemos como o pescador e respeitássemos o coração. Nós queremos nos apossar desse lugar que é regido por forças que não dominamos. Insistimos em domar o indomável, em tentar fazer o coração seguir o nosso ritmo, em ferir nos esquecendo da lei de ação e reação. Temos muito a aprender com o pescador.

O coração é feito o rio, corre sempre para frente, tem épocas de seca e de cheia, é cheio de curvas e labirintos, está sujeito a correntezas difíceis de compreender e superar, parece ter um pacto secreto com o tempo, nasce e caminha para desaguar, dá de beber a muitos, atrai e assusta, está sempre limpo se nós não o sujarmos.


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