Daniel Campos

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21/10/2009 - Renoir e a mulher do futuro

Caro Pierre-Auguste Renoir, para o deleite de seus olhos e pinceladas, a era das mulheres anoréxicas está chegando ao fim. Chega de modelos esqueléticas que se alimentam de luz e folhas de alface. O padrão de beleza está sofrendo uma mudança gradual que levará as novas gerações femininas a terem mais carne e menos ossos. Um terreno propício para suas pinceladas largas, fragmentadas e frívolas. E olha que isso não é coisa de revista de fofoca, mas de um estudo da "New Scientist". Você, que sempre deu muita importância à forma e buscou uma obra agradável aos olhos, deve estar ansioso.

Porém, estimado pintor, não se apresse. Tal mudança é gradativa. A previsão é que daqui a quatrocentos anos a mulher média seja um pouco mais baixa (2cm) e pesada (1kg) do que é hoje. Os números podem parecer insignificantes em relação ao tempo, mas o mágico disso tudo é que há uma mudança em vista. E há esperança para que a mulher se liberte das agências de publicidade e volte aos artistas. E como além da genética, fatores culturais e sociais influenciam essas medidas é impossível calcular com exatidão as formas do corpo feminino que desfilará nas passarelas de Milão em 2049.

Em se tratando de padrão de beleza tudo é muito relativo, subjetivo e, até mesmo, apelativo. O estudo aponta para um "revival". O feitio do corpo das musas gregas, filhas de Zeus e Mnemósine, e das mulheres retratadas pelo seu impressionismo-renascentista era bem mais cheinho do que o modelo atual. O curioso é que o processo evolutivo está sendo influenciado pelo sensualismo que dominou suas telas. A anorexia que se cuide porque a seleção natural parece beber na alegria de viver registrada em obras como "As grandes banhistas".

A mulher do futuro também viverá cerca de 15 meses a mais de período fértil. Ou seja, uma revolução está a caminho. Quem sabe, caro Renoir, a "bastilha da ditadura da beleza" caia e as mulheres do passado, presente e futuro se encontrem e fecundem, antecipadamente, uma nova Belle Époque, ainda mais bonita, livre e amável.


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