Daniel Campos

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26/06/2011 - Reinventando a noite

De repente, ela reinventou a noite. E então as estrelas ganharam cabelos e blush. E então o vestido negro do céu foi customizado por nomes da alta costura. E então os vagalumes abusaram dos perfumes. E então a lua calçou sapatos altos e pisou no coração do sol. E então os sentimentos noturnos foram renovados. E então as flores, contrariando a própria natureza, abriram-se. E então as criaturas que vagam pela noite encontraram mais motivos para se apaixonar do que para assombrar alguém.

De repente, ela reinventou a noite. E então sussurros, suspiros e gemidos se abraçaram debaixo das cobertas. E então o sereno abençoou os amantes, que assumiram seus sonhos e desejos. E então palavras foram esculpidas em rochas de silêncio. E então os pecados foram praticados e confessados. E então os carregadores da noite tiraram das costas os fardos. E então os cometas foram cavalgados e as estrelas cadentes tomadas em drinques.

De repente, ela reinventou a noite. E então as velas em chamas se entrelaçaram como cisnes incandescentes. E então a solidão foi condenada à prisão perpétua. E então ninguém mais se lembrou de calendários e relógios. E então o vento ganhou o hálito fresco de um drops de hortelã. E então todos brindaram à insônia. E então vieram as ceias, os bailes, os saraus... E então a noite não tomou conhecimento do amanhecer e se alastrou pelas horas do dia.


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