Daniel Campos

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24/10/2008 - Queritude

Quero andar ao seu lado. Quero andar abraçado. Quero colocar a minha mão em seus ombros, em suas costas, em sua cintura. Quero saber da conversa das vértebras da sua coluna. Quero brincar em suas costelas. Quero sentir sua pele correndo feito rio. Quero lhe levar como em contradança. E quero que esta dança seja tango, valsa, bolero. Quero fazer de seu corpo o norte de minha bússola. E eu quero andar pelo seu norte, seja qual for o caminho. Quero me surpreender com seus arrepios. Quero sentir sua respiração em minha respiração. Quero ser siamês, de carne e alma.

Corpo a corpo, quero provocar atritos e criar fagulhas e, centelhas e, quiçá, estrelas. Quero que nosso abraço tenha movimento. Movimento cinético, oblíquo, curvilíneo. Quero sentir o seu sexo na iminência das minhas mãos. Quero sentir o seu medo e o seu desejo correndo ao meu lado. Quero andar em suas estradas, nadar em seus riachos, escalar suas cordilheiras. Quero num abraço prender-lhe sem deixar perceber. Quero que sejamos uma longa corrente de dois elos. Quero que minhas mãos impregnem no seu perfume. Quero que o ciúme morra sufocado entre nós dois. Quero que no decorrer dos passos nossas bocas se tornem uma só boca.

Quero que pense que sou tatuagem em seu corpo. Quero andar ao seu lado pelas calçadas, pela estratosfera, pelas muralhas da China. Quero ser caça em seus passos ímpares e presa, nos pares. Quero que nossas pegadas sejam convergentes. Quero que me fale como se eu fosse o teu confessionário ambulante. Quero que suas retas e curvas continuem nas linhas das minhas mãos. Quero me ferir em seus espinhos. Quero beber em suas pétalas. Quero ser seu parasita e me alimentar de sua beleza. Quero lhe carregar e me ter em teu colo a cada nova pulsação.


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