Daniel Campos

Imprimir Enviar para amigo
03/12/2011 - Quem sou?

Quem sou eu? Sou alguém que não vale nada. Não valho seu dinheiro, seu tempo, sua atenção. Não valho sua insônia, sua fome, sua piedade. Não valho seu olhar, seu gostar, seu falar. Não valho seu corpo inteiro ou sua alma pela metade. Não valho o céu que está lá fora ou o rio que corre longe daqui. Não valho o canto dos pássaros, a luz da lua ou a dor de um parto. Não valho o suor, a seiva, o sangue de ninguém.

Não valho uma gota sequer de orvalho. Não valho um telefonema, um dilema, um poema. Não valho uma sílaba ou qualquer coisa que saia da sua boca ou da sua mão. Não valho sua chegada, tampouco sua partida. Não valho seu hoje, seu ontem e certamente não irei valer seu amanhã. Não valho seu sonho nem seu pesadelo. Não valho sua promessa ou sua reza barata. Não valho o buraco, a cachaça, o oráculo.

Não, eu não valho uma continência, um abraço, um beijo. Eu não valho seus acertos ou suas falhas. Eu não valho auto algum do seu destino. Eu não valho sua paciência, sua inocência, sua clemência. Eu não valho seu lixo. Eu não valho uma viagem, uma bobagem, uma miragem. Eu não valho um pedido ou um agradecimento. Eu não valho a saudade mais vagabunda que você tem aí. Quem sou eu? Eu não sou!


Comentários

31/12/2011, por Leticia:

amei seu poema, muito profundo pena qe não consegui achar mortos pela fé :/


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar