Daniel Campos

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27/06/2011 - Quem, quem é você?

Quem é você senão uma daquelas mascaradas de Chico Buarque. Quem é você senão uma coleção de segredos e códigos íntimos. Quem é você que se esconde, que se oculta, que se fecha. Quem é você que sai sem deixar pistas ou bilhetes. Quem é você tão inacessível e tão onipresente ao mesmo tempo. Quem é você que ninguém vê e todo mundo ama. Quem é você que habita o inconsciente. Quem é você que se mostra invisível quando lhe convém. Quem é você que vive de encantos e feitiçarias.

Quem é você que fala uma língua desconhecida, que anda pelas sombras e se disfarça igual uma camaleoa. Quem é você que chega a deixar de respirar para não fazer barulho. Quem é você que tem tantos nomes. Quem é você que nunca existiu nos registros oficiais. Quem é você que inventa tantas histórias e foge por completo das nossas memórias. Quem é você que não tem uma trajetória definida. Quem é você que se vale do de repente, de um tempo fugaz e volátil...

Quem é você que se camufla no escuro da noite feito lua nova. Quem é você que se desmaterializa num passe de mágica. Quem é você que atravessa paredes, que vira fumaça e pó. Quem é você que some se misturando a sorrisos, suores e lágrimas. Quem é você que se esvai das perguntas, que corre dos olhares, que muda de assunto. Quem é você que nos leva ao esquecimento. Quem é você que atrasa os relógios quando vai embora. Quem é você senão uma daquelas mascaradas de Chico Buarque.


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