Daniel Campos

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04/03/2014 - Quando voltar, amor...

Quando voltar, saiba que eu nunca me afastei um milímetro sequer da sua presença. A sua ausência nunca me pegou, pois você dança na minha inconsciência num ritmo que desafia a ciência. A distância jamais colocou o que sinto em xeque. Meu amor não é moleque, ainda que longe sabe ser forte e manter o porte mesmo quando em choro. Quando voltar, tenha certeza de que em momento algum eu me olvidei da sua beleza, pelo contrário, fiz questão de me lembrar de cada detalhe seu, de cada entalhe de realeza em seu ser. A saudade me visitou por incontáveis vezes e em todas elas eu confessei quanta falta me faz e que eu já não posso mais viver sem comigo lhe ter. Quando voltar, que seja para nunca mais partir.

Quando voltar, não deixe de assuntar as consequências desta sua falta em meu corpo, em minha alma, em minha escrita. Sem você, a minha prosa andou aflita, mas por ti a poesia seguiu bonita mesmo que triste provando que por este amor existe. Saiba das minhas febres, das minhas insônias, das minhas alucinações, das minhas inquietudes, dos meus silêncios, das minhas conversas com o tempo. Quando voltar, pergunte às estrelas o quanto eu lhe busquei por este céu de solidão. Jamais duvide das minhas tentativas, das minhas loucuras, das minhas iniciativas de lhe trazer para perto. Compreenda o quão deserto fiquei sem você que é o meu oásis, a minha frase apaixonada “amo você” e a minha trinca de ases no jogo do coração.

Quando voltar, finca seus pés em meu corpo fazendo dele o seu território, a sua terra natal, a sua casa. Veja que de cada lágrima derramada querendo você quando não podia querer nasceu uma flor de desejo; colha-as, cheire-as, coma-as... Não se furte de querer pegar para si todos os meus pensamentos, pois você é a protagonista de todos eles. Por maior que fosse a escuridão, a era das sombras, sua silhueta sempre foi iluminada pelos holofotes no palco da minha memória. De forma ininterrupta, eu li e reli e tornei a ler a nossa história. Quando voltar, toma para si todos os meus sonhos que estão acordados esperando por você. Viaje pelo meu coração enviesado e se ache em cada pulso, em cada impulso, em cada soluço...

Quando voltar, ouça cada um dos meus pedidos para que voltasse o mais rápido possível. Escuta as minhas orações, toma parte das minhas incursões pelo sobrenatural e das minhas reafirmações do quão especial é essa ligação que me emociona levando-me à lua e à lona com a mesma intensidade. Quando voltar, observe o quanto a minha cidade ficou vazia, fria, sombria sem você. Veja como fiquei, o quanto esses dias eu em silêncio lhe amei, e entenda que não há porquê eu continuar a viver sem você. Pergunte aos vaga-lumes o quanto eu vaguei pelo seu perfume e o tanto de ciúme que eu entornei por essa procura dentre juras de amor eterno. Tateei minhas queimaduras e imagine quantas vezes, sem ti, desci ao inferno.

Quando voltar, encontre os pedaços das minhas fantasias rasgadas pelo desespero da sua falta e contemple a nudez da realidade de que a vida em mim só não saiu pela porta porque de uma forma ou de outra eu confiava na sua volta. Aliás, eu insisto e resisto pelo que há de confiança e esperança em torno de você. Procure pelos registros e ateste que não balancei um só instante do amor que me leva ao seu encontro numa fome de reencontro. Quando voltar, saiba o quanto eu falei, murmurei, suspirei, clamei, tomei, chamei, gritei seu nome. Tenha a certeza de que eu me deitei com você todas as noites e acordei a cada dia mais e mais convicto de que lhe amarei por séculos a fio. Quando voltar, que seja para nunca mais partir.


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