Daniel Campos

Imprimir Enviar para amigo
09/12/2011 - Outro dia noutro

Outro dia ela aparecia, ela sumia, ela bebia um drinque de lichia. Outro dia ela queria, ela pedia e não se ouvia. Outro dia ela falava fantasia, vivia de poesia e se lambuzava de ambrosia. Outro dia ela abria a janela, persuadia o vigia e fugia. Outro dia ela sabia, ela conhecia, ela se queria. Outro dia ela escurecia, ela reluzia, ela não se entendia. Outro dia ela fingia, ela sorria, ela sobrevivia. Outro dia ela fazia advocacia, engenharia, magia. Outro dia ela sumia numa anorexia. Outro dia ela benzia o meu nome, noutro ela não me sabia...

Noutro dia ela cantaria, ela passaria, ela faltaria. Noutro dia ela sonharia, ela rodopiaria e morreria num sopro de calmaria. Noutro dia ela embarcaria num tempo de maresia. Noutro dia ela se voltaria, ela se reinventaria, ela trovejaria. Noutro dia ela comeria algodão doce e se vestiria de pedraria. Noutro dia ela versaria, ela encontraria seu espelho e se casaria. Noutro dia ela beijaria o demônio e dobraria os joelhos à leitura do deuteronômio. Noutro dia nela haveria outro dia.


Comentários

Nenhum comentário.


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar