Daniel Campos

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Novo Gênesis

Quem não acreditou no amor, no sorriso e na flor desconhece o sabor de um sonho. Sonho sonhado por tantos e de maneiras tão distintas, mas embalados por uma bossa. Quem nunca ouviu um disco de bossa-nova para sonhar um grande amor? Um cantinho, um violão e um pôr-do-sol. Não precisa mais nada. Se quiser, opte por uma noite de lua cheia, algumas estrelas num copo, uma predisposição para amar e pronto, o amor nasce de forma espontânea. Amadas e mais amadas.

Quantos não perderam seus olharem num mar longínquo, navegando num barquinho, imaginando a mulher amada nas ondas azuis e macias. Quantos os que justificavam um amor impossível pelo simples fato de ser primavera. De fato, amar parecia tão simples. É só olhar, depois sorrir, depois gostar. Talvez o amor fosse como aquela batida, tão complexa cheia de acordes dissonantes de variações impossíveis para as mãos de um amador e tão sutil e tão simples e tão próxima.

Quem se sentiu beijado pela bossa nova nunca mais foi o mesmo. O amor, por mais impossível, era possível. A emoção única daquele ritmo não sabido, mas sentido. Chorar, sofrer, morrer de amor não era coisa marginal, de mesa de bar, era um sentimento nobre de pura beleza. Amores jurados para sempre, casos e histórias e lendas que invadem os sóis da bossa.

Bossa nova era sol. Não falo em bossa só para quem a compôs, falo em bossa para todos aqueles que a viveram no momento de seu nascimento, de sua juventude, ou tempos depois. Quem nunca se apaixonou pelo balanço, cheio de graça, da garota de ipanema? Quem nunca ouviu falar das cores de abril e dos ares de anil? Quem nunca pediu benção pela devoção e pelo respeito por tudo aquilo que um dia alguém representou? A benção, Vinícius, Tom, Nara Leão, Menescal, Carlinhos Lyra, Baden Powell... E pensar que todo esse mundo começou no violão de um menino joão...

Talvez nem ele quando cantarolava Orlando Silva sob um tamarineiro em Juazeiro pensasse criar tanto. Surpresa ou não, suas criações representaram o começo de tantas vidas. A benção, João bossa Gilberto por esse novo Gênesis do amor que nos leva ao sorriso e à flor.


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