Daniel Campos

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16/12/2009 - Mundão

Olha esse mundão passando em verso e reverso pelo estradão do universo. Vai passando, girando, rodando, trombando, caminhando entre estrelas e astros do cinema mudo. Charles Chaplin e outros Carlitos vão passando em olhares e gestos horrorizados por essa surdez globalizada chamada Terra. Ninguém escuta ninguém. A temporada de audições foi fechada. E o amor que era cego, agora surdo e mudo, não ouve conselhos, tampouco dialoga com ninguém. Apenas passa pelo vácuo de sentimentos.

De que adianta chorar por esse mundão se não há ninguém para ouvir o que as lágrimas têm a dizer? Do que vale ser feliz se o grito e qualquer manifestação de euforia estão fora de moda? O sonho não tem voz, o sonhador não tem coro para impulsioná-lo. Um silêncio autoritário infesta as ruas, toma os corações e amordaça as revoluções. Não adianta falar de amor se não se ouve o amor. Não adianta fazer amor se o amor está sendo desfeito por esse mundão.

Se o som é a propagação de uma onda mecânica que se propaga por esse mundão de forma circuncêntrica em meios materiais que têm massa e elasticidade, eis que ofereço o meu corpo, meio concreto meio abstrato, para propagar palavras de amor. Que o amor faça de mim veículo de sua comunicação. Quero que as ondas do amor se desloquem, com suas densidades e pressões peculiares, pelos fluidos da minha poesia que passa e não passa por esse mundão.


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