Daniel Campos

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18/11/2009 - Marighella, o último dos heróis

Quanto tempo leva para nascer um herói oficialmente falando? A resposta para essa pergunta é relativa, já que isso depende, sobretudo, de vontade política e midiática. No caso de Carlos Marighella, esse processo demorou 40 anos.

Marighella era o líder da Ação Libertadora Nacional quando foi morto em uma emboscada no ano de 1969. Morto pela ditadura. E não há como contestar. A morte do inimigo nº 1 do regime militar foi reconhecida pela Comissão de Anistia do governo federal, em 1996, como responsabilidade do Estado. Morreu por acreditar no socialismo, na liberdade, na igualdade.

Um herói filho de mãe negra e pai imigrante. Um herói filho de operário e neto de escravos. Um herói que lutava pela justiça social. Um herói clandestino. Um herói que mesmo morto foi duramente combatido, sendo alvo de inúmeras tentativas de ter sua imagem jogada contra a opinião pública e ao ostracismo.

No entanto, seus inimigos se esqueceram que seu principal poder sempre foi o da resistência. Marighella resistiu às críticas, aos golpes, às novas gerações, ao esquecimento, ao medo. Era um herói sem medo. Ou melhor, como diz a inscrição na campa de seu túmulo, em Salvador, ele não teve tempo para ter medo.


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