19/04/2010 - Magia bailarina
Como é mágica a bailarina que ao se equilibrar na ponta dos pés se afasta do núcleo da Terra, fragilizando a força gravitacional que prende homens e mulheres. Com as mãos arqueadas ao céu e o corpo em ponta, a bailarina volteia deixando tonta a platéia ao seu redor. Mais do que dançar, a bailarina apronta com aquela roupa única. De longe os meninos a apontam dizendo: olha lá, olha lá a bailarina. Sim, ela é inconfundível e incorruptível. Afinal, ela pode até dançar outros ritmos, mas todos eles nascem de seu balé.
A bailarina toca o chão com a mesma sutiliza que a pianista movimenta as teclas do piano. Parece uma boneca de pano, contorcendo-se graciosamente de um lado para outro à procura de um afago. Ah! Como é possível tamanha simetria entre a bailarina e o ar e o chão e a falta de tudo isso. Quantos os bruxos não a observam atônicos, loucos para aprisioná-la em uma caixinha de música. Mas as fadas estão sempre por perto. Por isso, muitas bailarinas têm asas. É claro que essas asas são invisíveis a olhos impuros.
E ela pula, corre, vira, agacha, levanta, pende, alonga num conjunto de passos que une pés e braços num mesmo arco. Lá vai a bailarina transformando palavras em movimentos. As linhas se tornam gestos. Os versos se tornam olhares. E a bailarina, frágua de romantismo, vai aos poucos contando histórias de bailarina. O Quebra Nozes, o Lago dos Cisnes, Copéllia, Pássaro de Fogo, Dom Quixote... Ah! Como é mágica a bailarina que embaralha nossos pensamentos, que atiça nosso coração, que desafia as leis mundanas a ponto de fazer nossas vistas vestirem sapatilhas...
Comentários
Sou bailarina já tem 9 anos e adorei o que você escreveu Me vi no texto É mesmo assim o mundo de quem vive de sapatilhas
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