Daniel Campos

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23/05/2011 - Liberté, liberté

Todo dia a gente nasce; todo dia a gente morre, um pouco. O corpo é só o corpo, por isso envelhece, fenece, apodrece. A alma amadurece como cachaça, a cada dia fica mais curtida, mais doce, mais querida e rejuvenesce a cada sonho. Rugas são depósitos de lembranças, cada traço abriga um sem número de crianças. Não fique triste o tempo não existe para além da nossa cabeça.

Enterre suas angústias, despeça-se de seus dramas, vele suas derrotas e comemore a chegada dos novos ciclos. Numa hora você é verão, noutra é outono. Agora você é quarto crescente, logo mais será quarto minguante. A vida é movimento. Abra os braços ao destino, aceite o tempo, sinta o vento. Dance nos braços de Merlin os passos de uma música que não tem começo nem fim.

Desaprenda a ler os relógios, escreva poesias por cima dos meses dos calendários. Plante um cacto na areia das ampulhetas. Esqueça as marcações do sol e não cometa a indelicadeza de perguntar o tempo para a lua. Não seja nem jovem nem velho, nem criança nem adulto, seja tudo e todos e ao mesmo tempo seja nada e ninguém. Liberté, liberté, não seja do tempo mais um refém.


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