Daniel Campos

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15/01/2012 - Invocação

Eu invoco a energia dos meus ancestrais, sejam eles vampiros, lobisomens, bruxas ou magos. Por todo sangue derramado, por toda magia feita e desfeita nas linhas da minha linhagem. Pelas vítimas e pelos heróis. Pelos genes dos anjos e dos demônios que se entrelaçam em meu DNA. Pelos encantos, feitiços e maldições que habitam em mim. Pelas marcas de nascença, pela trajetória sobrenatural, por todo mistério que há, houve e haverá. Pela luz que me ilumina e pela força que me esconde. Pelos meus eus plebeu, escravo, soldado, poeta e conde. Pelo eterno conflito entre o bem e o mal, entre o carnal e o espiritual, entre o cordeiro e o chacal.

Pelos amuletos que me protegem. Pelas vozes que me seguem. Pelos ventos que me regem. Pelos livros amaldiçoados. Pelas palavras queimadas. Pelas rezas bravas. Pelas práticas censuradas. Pelos dialetos que se misturam em minha língua. Pelos enigmas não revelados. Pelos segredos de uma história. Pelos passados revirados. Pela coragem e pelos medos herdados por todos aqueles que, mesmo em outros planos, me acompanham desde minhas vidas e sobrevidas passadas. Pela simbologia mais profunda. Pelos exorcismos, esconjurações e encantos. Pelos feitos e feituras do meu santo. Pelo que me deito e me levanto. Pelas marcas do riso, pelo poder do pranto. As setas dos índios, os laços dos boiadeiros e as flechas do querubim. Eu invoco o que eu canto e tudo o que canta em mim.


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