Daniel Campos

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03/10/2010 - Inferno de Dante

Vamos colocar mais água no feijão, afinal, hoje é dia de eleição. E em dias como hoje tem sempre uma boca a mais para comer um pouco da gente, da vida da gente. É tanto candidato querendo tirar o nosso pão e nos deixar só com duas ou três migalhas na mão. Sai pra lá corrupião. Eu renego essa sua prosa barata, seu doutor cramulhão. Hoje tem sempre alguém tentando comprar a sua ideologia, tentando lhe empurrar uma velha fantasia, tentando selar um pacto em troca de alegria.

Hoje é dia de eleição. Hoje um novo tempo pode vingar ou ser sepultado nas próprias urnas, eletrônicas ou não. Hoje alguém vai querer lhe dar um lote, uma cesta-básica, uma dentadura. Cuidado com as promessas, com a ilusão, com as máscaras e com o excesso de compaixão alheia. Hoje é um dia perigoso. As bruxas e os monstros estão soltos. Vale à pena rezar um mistério glorioso pedindo pra ser iluminado e pra não cair em tentação. Pois o demônio, em dias assim, mora ao lado.

É tanta falação, é tanta gente querendo tirar um pedacinho do coração da gente. Hoje a mentira está liberada, a prática do assédio segue de forma descarada e o povo se divide entre os que querem mudar tudo e os que não querem mudar nada. Hoje há estopins de revolução entre o sim e o não que habitam a cabeça dos eleitores. Hoje é o dia dos atores angariarem a continuidade do espetáculo a qualquer custo.

Vamos colocar mais água no feijão pra alimentar as bocas ilegais, as bocas imorais, as bocas de urna que tentam nos devorar até o último instante. Hoje é o dia do inferno de Dante.


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