Daniel Campos

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07/10/2008 - Imaginando o frescor

Pés caminhando pela grama orvalhada. Um cubo de gelo derretendo no ardor de uma língua acalorada. A lua submergindo na piscina. Uma brisa altaneira invadindo os olhos secos. Namorados tomando banho de mangueira no fundo do quintal. Cabelos esvoaçando diante das pás do ventilador. O mar indo e vindo. Uma mulher passando de vestido curto. O mendigo se banhando no chafariz da praça. O vento da estrada invadindo a viseira do motociclista. Um rosto peralta se manchando no frio do sorvete. O meteorologista indicando uma frente fria.

Um navio cortando os mares da Antártida. Um cochilo cochilando dentro da geladeira. As mãos aumentando a potência do ar-condicionado. Os braços debruçando sobre a janela à procura de ar fresco. Crianças construindo um boneco de neve. Copos de refrigerante borbulhando um ar gélido e doce. Um sorveteiro das antigas buzinando pelas ruas. Uma senhora se abanando com um leque. A chuva fina pingando na calha. O cachorro chacoalhando depois do banho. Os sonhos voando em uma asa delta.

O sereno molhando os pensamentos noturnos. Um perfume arrepiando um corpo em febre. O empresário querendo trabalhar de bermuda e chinelo. Um lençol novo, limpo e fresco deslizando sobre a cama. A chuva vencendo as telhas da casa sem forro. O vento batendo portas. Um creme correndo corpo pelas mãos da amada. O moço gritando água gelada no sinal vermelho. O neném passeando somente de fralda. O surfista tomando um belo caldo. O guarda-chuva enguiçando no meio de um temporal. E um autor, farto de calor, imaginando, imaginando, imaginando...


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