Daniel Campos

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26/01/2016 - Frutos da insaciedade

Um só amor não basta à mulher que carrega o coração oco no peito. E vai tentando ter árvores cada vez mais altas e vistosas, floridas e carregadas de fruto, mas caindo sempre pelo machado da ilusão vê em sem meio a tocos. As paixões que vai buscando a todo custo se alastram feito queimada devorando tudo, devastando seu mundo. Ela mesma, na sua insaciedade, consome todo e qualquer sonho. É árvore, mas também é a formiga, o formigueiro, que corta suas folhas. É árvore, mas também é a broca que fere o seu tronco e, sem que ninguém perceba, mata o seu cerne. É árvore, mas também é a mosca que apodrece seus frutos, o vento que derruba suas flores, a enxurrada que desterra suas raízes. Podia ter uma arvorezinha linda e firme, mas quer ter várias árvores em um só tronco, mais frutos do que suportam seus galhos, flores tantas e complexas que um só pássaro não consegue fecundar. E com isso acaba se extinguindo antes de se perpetuar.


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