Daniel Campos

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21/07/2013 - Exatamente assim

Ouça o que a ternura tem para dizer, palavra por palavra. Brinque, sempre que possível ou impossível, com a intimidade. Peça perdão a todo instante para garantir uma absolvição antecipada. Espalhe palavras gostosas por terras que vão além de onde sua vista alcança. Respeite as particularidades do dia e da noite, curvando-se ao sol e entregando-se à lua. Tateei o medo até que ele – o medo – não sinta mais medo de você. Durante as tempestades, ofereça doses e mais doses de mansidão aos que chegam trazendo ventos, raios e trovões em suas falas e gestos. Faça dos restos de tantos eus o seu eu inteiro.


Fira, só se for para ter o prazer de curar. Movimente toda a inércia que há e que ainda há de haver em você e ao seu redor. Ateie fogo ao próprio coração, deixando-o queimar num amor sem culpa. Viva de súbitas alegrias porque tanto a alegria com hora marcada e a alegria eterna são tristes. Busque beleza em tudo o que lhe é oferecido. Seja devoto da criatura amada numa fé sem precedentes, dogmas ou castigos. Comprometa-se com o que existe de poesia em cada ser vivo ou morto de paixão. Vague como cupido sem asas, enchendo de esperança os sentimentos daqueles que não tiveram romances ontem nem hoje.

Sonha porque sonhar é a única forma verdadeira de libertação. Aceite a dor, mas aceite também que é possível superá-la o mais rápido possível. Vasculhe todas as brechas da realidade para encontrar mundos ainda não descobertos. Pratique o heroísmo da forma mais romântica que encontrar, pois heróis que falam de amor estão em falta. Entreabra a porta do seu reino para estranhos, pois deus não tem seu rosto estampado em revistas. Não poupe esforços para encontrar a saída do labirinto do destino, mas não tenha pressa de viver o que lhe é destinado, desde que essa vida seja intensa em matéria de sabor e prazer a cada bocado.


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